Agricultura da Informação
A agricultura vive um momento de transição histórico no qual o principal fator de produção passa a ser informação de qualidade. Na história da humanidade, viveu-se inicialmente um longo período da agricultura da experiência, durante o qual o conhecimento era passado pelas gerações e os aperfeiçoamentos obtidos pela observação da natureza. A partir do século XIX, com aceleração no século XX, a ciência definiu uma nova era de expansão agrícola, na qual a sistematização científica trouxe grandes avanços nos campos da agronomia, biotecnologia, pesticidas e máquinas. Estamos no início de uma nova era, na qual a experiência e a ciência estão a ser somadas a decisões baseadas numa quantidade crescente de informações.
A agricultura de precisão, na qual os insumos são aplicados de acordo com a necessidade de cada exploração agrícola, graças a ferramentas como GPS, softwares e equipamentos sofisticados, é apenas a primeira manifestação de maior visibilidade da agricultura da informação. As dezenas de decisões críticas que os produtores tomam a cada colheita, com impacto direto na produtividade e rentabilidade, exigem mais do que apenas o conhecimento, experiência e percepção dos agricultores e seus consultores técnicos. Num mundo e sociedade conectados digitalmente, gera-se diariamente uma enorme quantidade de dados sobre os mais diversos temas. No mundo empresarial, as melhores práticas recomendam as decisões baseadas em factos e dados, acompanhadas da melhoria contínua. Na agricultura, deve-se seguir o caminho das decisões baseadas em números e dados. Ao mapear áreas, a agricultura de precisão permite o conhecimento de detalhes perdidos no aumento de escala das décadas passadas.
As novas técnicas permitem um conhecimento cada vez mais detalhado dos solos, das culturas, das operações de maquinaria e das colheitas. Tudo interligado e armazenado digitalmente, sendo observado desde o espaço via satélite até com sensores enterrados no solo. Em breve, a monitorização contínua e sem fio, diretamente para o smartphone do produtor, deixará de ser ficção ou novidade para ser uma ferramenta diária. Os mapas deixarão de representar hectares, para representar metros e pouco depois estaremos a visualizar planta a planta. Novos sensores permitirão que os resultados de análises, ao invés de demorar semanas em laboratórios, sejam obtidos em segundos ou mesmo, em tempo real.
Para avançar nesta direção, a gestão rural deve ser continuamente aprimorada, acostumando-se a usar dados nas decisões. Isto exige mudanças culturais, educacionais e técnicas, mas é um caminho sem volta para termos empresas rurais de classe mundial, prontas para a nova agricultura. Neste contexto, cada nova ferramenta deve vir somar novas informações, que serão usadas em conjunto com o que já se dispõe, adicionando camadas de dados para auxiliar nas decisões que devem sempre desafiar os limites de produtividade.
Fonte: Grupo Cultivar