Brasileiros criam inseticida biológico com fungos encapsulados
Cientistas brasileiros desenvolvem uma nova tecnologia para a fabricação de inseticidas biológicos que utiliza o encapsulamento de conídios de fungos entomopatogénicos. De acordo com os investigadores, a técnica não apresenta riscos para a saúde dos seres humanos.
“Os fungos aderem ao corpo do inseto por meio de esporos de dimensões microscópicas que, sob condições adequadas de temperatura e humidade, germinam, penetram, desenvolvem hifas e colonizam o interior do organismo”, explica a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
O encapsulamento dá-se por meio do uso de um biopolímero, que é produzido por organismos vivos, como proteínas, polissacarídeos e ácidos nucleicos. O processo confere “proteção e estabilidade no armazenamento dos conídios, garantindo a sua ação prolongada sobre diversos insetos-pragas de culturas agrícolas”, afirma a entidade.
“O encapsulamento funciona como uma barreira de proteção aos conídios contra fatores externos, como radiação ultravioleta, temperatura, microrganismos concorrentes, oxidação, entre outros. A ideia surgiu quando os investigadores identificaram a ausência de uma formulação de entomopatógenos no mercado, sugerindo uma inovação com impacto no setor agroindustrial de bioinseticidas em alternativa ao uso de produtos químicos”, diz a Fapesp.
De acordo com Inajá Marchizeli Wenzel Rodrigues, responsável pelo estudo, “a formulação possibilitou que o produto fique armazenado sem refrigeração por até 12 meses e se mostrou patogénica a diversas pragas, como a broca e o bicudo da cana-de-açúcar”.
Os estudos são conduzidos em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o Instituto Biológico de São Paulo e a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta). A próxima etapa da investigação será a colocação do produto em escalonamento comercial, com a expetativa de que a invenção atraia o interesse de indústrias do mercado agrário, principalmente as que produzem e comercializam inseticidas biológicos e sintéticos.
Fonte: Agrolink