Seleção e eliminação de rebentos laterais na bananeira (Musa acuminata Colla)
O DICA (Divulgação de Informação do Comércio Agroalimentar) do Governo Regional (Região Autónoma da Madeira), divulgou no seu site um artigo sobre:
Seleção e eliminação de rebentos laterais na bananeira (Musa acuminata Colla)
A bananeira é uma planta herbácea, típica das regiões tropicais húmidas, que apresenta um desenvolvimento ideal em locais com humidade relativa superior a 80% e 28ºC de temperatura média anual.
A planta desenvolve-se, produz apenas um cacho e depois morre. A perpetuação da cultura, que pode ser considerada como uma cultura perene, é feita através dos rebentos laterais (filha, canhota) que são, em termos genéticos, um clone da planta mãe.
No caso particular de plantações novas efetuadas com plantas de origem in vitro, o número de rebentos laterais é muito elevado, ultrapassando a dezena em muitos casos.
Nesta situação, e para eliminar o excesso de rebentos laterais, há que ter em consideração vários fatores:
- Quando as temperaturas médias estão mais baixas (finais de Outono e Inverno), a bananeira encontra-se frequentemente num estado de dormência.
Destacar estas plantas com uma barra ou uma enxada irá provocar várias feridas na planta mãe, que, devido ao referido estado de dormência, vão demorar a cicatrizar, enfraquecendo a planta e criando portas de entrada para doenças (fungos, bactérias, etc.) ou pragas (gorgulho-da-bananeira, etc.). A retirada das “filhas” que, por vezes, se encontram à volta de toda a planta abala frequentemente a estabilidade da planta no solo, facilitando a sua queda.
Neste caso específico, deve-se cortar o rebento lateral ao nível do solo e, com um ferro ou tubo, furar a zona central do rebento, destruindo a zona merismática (a “massa”) responsável pelo crescimento. Esta técnica não origina feridas nem retira “alicerces” à planta mãe.
Cada bananeira emite vários rebentos laterais, devendo ser selecionado apenas um de acordo com a sua posição (em relação à luminosidade, ao alinhamento da plantação e evitando que cresça debaixo do cacho, geralmente emitido para a orientação predominante da luz solar), vigor (rebento bem implantado no solo e vigoroso) e mês de “nascimento” para produção.
É admissível deixar dois rebentos laterais quando há necessidade de colmatar/substituir alguma falha na plantação ou para plantar pequenas áreas. Neste caso, o rebento deverá ser destacado da planta mãe com a barra ou enxada quando ainda apresenta as folhas lanceoladas.
A escolha do rebento lateral permite, igualmente, deslocar a produção para a época desejada.
Na situação específica da Madeira, em que cerca de 60% da produção é obtida entre julho e outubro, enfrentando a concorrência de frutas de estação mais refrescantes (melancia, melão, uvas, etc.) e considerando que a banana colhida entre os meses de novembro e maio tem um valor acrescido, é de todo o interesse conduzir a produção para o período de Inverno.
Em estudos realizados no Centro de Bananicultura do Lugar de Baixo, com diferentes datas de plantação e seleção de diferentes tamanhos de rebentos laterais ao longo de todo o ano, concluímos que, em rebentos (canhotas) com altura aproximada de 50 cm, a produção foi obtida 12 a 14 meses depois.
Estes dados são um indicador de como deslocar a produção para a época desejada, salvaguardando as condições edafoclimáticas em que o estudo foi realizado, mas que serão extensíveis à zona sul, na cota até aos 100 metros, entre o Lugar de Baixo e a Calheta (zonas mais quentes). Nas restantes zonas produtivas, é necessário fazer alguns acertos, considerando 13 a 15 meses.
Alexandra Azevedo
Bruno Silveira
Direção Regional de Agricultura
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