Doença de Petri
Voltamos a contar com a colaboração de dois fitopatologistas, Cecília Rego e Pedro Reis, que nos têm vindo a falar de algumas das doenças do lenho da videira mais comuns.
Hoje o tema é a doença de Petri. Esta doença foi descoberta no início do século XX, na Sicília, sendo hoje em dia atribuída essencialmente aos fungos Phaeomoniella chlamydospora, Phaeoacremonium spp., Cadophora luteo-olivacea e Pleurostomophora richardsiae.
A doença pode manifestar-se através de uma desfoliação repentina (apoplexia), mas normalmente, começa com um declínio lento que se traduz num crescimento reduzido (Figura 1). Pode ainda manifestar-se através de vários sintomas, tais como: cloroses, necroses das folhas e emurchecimento. Ataca principalmente videiras jovens, desde a fase de viveiro, e até aos 8-10 anos, e tem causado grandes prejuízos em vinhas recém-plantadas.
Os sintomas da doença de Petri podem variar de ano para ano dependendo da idade das videiras, da severidade da doença e das condições de stresse a que estas estão sujeitas, particularmente nos primeiros anos após plantação. Estes sintomas da podem facilmente ser confundidos com os causados por carência de nutrientes, ou outras doenças como o pé negro da videira.
Externamente pode observar-se um crescimento reduzido com entrenós curtos, folhas, troncos e ramos pequenos e necróticos. Nas folhas observam-se manchas de coloração verde clara ou clorótica, de dimensões irregulares, entre as nervuras ou ao longo da margem da folha (Figura 2). As áreas cloróticas inicialmente são pequenas e dispersas pelo limbo, espalhando-se gradualmente e tornando-se parcialmente necróticas.
Internamente, em corte transversal, observam-se estrias necróticas, ao longo do xilema, de cor castanha ou negras (Figura 3a). Por vezes, no lenho dos ramos ou do tronco ocorrem sectores necróticos, assim como fendilhamentos no ritidoma e no lenho. Transversalmente, observam-se pontos castanhos ou pretos dispersos no xilema necrótico, como se pode observar na (Figura 3b), muitas vezes com a exsudação de uma goma viscosa preta daí ter sido também atribuída a esta doenças a designação de “black goo” (Figura 3c). O enegrecimento dos tecidos xilémicos é causado pela formação de tiloses, gomas e acumulação de compostos fenólicos.
A morte repentina das cepas (apoplexia) está relacionada com períodos muito quentes, com a redução do fluxo xilémico e com a taxa de transpiração é elevada.
Tal foi referido para a doença do pé negro da videira, o diagnóstico da doença de Petri não deve ser efectuado apenas com base nos sintomas visíveis, quer na vegetação quer no lenho da videira. É necessário efectuar o isolamento em cultura pura dos patogéneos e, posteriormente, proceder à sua identificação com base em métodos clássicos e/ou moleculares.
Colaboração especial:
Cecília Rego - [email protected]
Pedro Reis - [email protected]