Vamos falar de Nutrição: Reservas em espécies de folha caduca
Este assunto já está bastante discutido dentro do meio agronómico. Existem na internet e nas universidades bons artigos. Contudo é um assunto que o agricultor não sabe se deve fazer ou não no campo, devido aos custos e os respetivos benefícios que pode ter com a aplicação de adubos, para aumentar as reservas nos gomos que vão dar produção no próximo ano.
Da experiência que tenho não sei sinceramente o que é mais correto fazer? Esta é uma pergunta que me é feita muitas vezes. Mas de uma coisa eu sei, as plantas precisam de “comida” e quanto menos stress tiverem melhor.
Bom, não devemos esquecer os custos. Na minha opinião acho que até aos 5€/100Lt de calda existem bastantes soluções no mercado.
Existem quatro fatores que nunca podemos esquecer: planta, clima, solo e disponibilidade financeira. O último é convosco, cada um governa a sua casa e paga as suas contas.
Sobre o clima e o solo não vamos falar para já.
Vamos falar da planta.
Por exemplo, o caso da vinha, a cultura com mais influência em Portugal, vamos sempre trabalhar com base no ótimo (o que o produtor e o enólogo pretendem): cerca de 12 ton/ha e com 13º.
Podíamos falar de valores (e vamos), quanto é que um cacho de uva retira da planta em termos de nutrientes e ficávamos aqui muito tempo a discutir, é por isso que eu pedi no artigo anterior para me colocarem questões, é mais fácil e menos maçador.
Para já vamos ver a mobilidade dos nutrientes no solo e na planta;
- NO3-; B; SO42- - são nutrientes móveis no solo;
- N, P, K, Mg, Mo – são nutrientes móveis na planta;
- P, K, NH4+; Ca; Mg; Zn; Cu; Fe; Mn – são nutrientes com pouca mobilidade no solo;
- Ca; B; Cu; Fe; Mn; Zn; S – são nutrientes com fraca mobilidade na planta.
Continuando, a função dos micros na planta:
- Ca; B – Crescimento apical (divisão celular);
- Zn – produção de fito hormonas – crescimento;
- B – floração/fertilidade;
- Fe; Mn – fotossíntese/respiração;
- Cu – estabilidade dos cloroplastos (membrana);
- Zn – estabilidade do Ph das células;
- Fe; Mo; Mn; Zn – síntese de proteínas;
- Ca; B; K – qualidade do fruto;
- B; Mn – consumo de água;
- B – translocação de metabólitos.
Depois destes pormenores teóricos já sabemos por alto que talvez seja necessário efetuar uma adubação foliar, para colocar alguns nutrientes acessíveis à planta, para ela trabalhar melhor para nós no próximo ano.
Para terminar, no que diz respeito a árvores de fruto, e aqui refiro-me a praticamente todas (pereira, macieira, kiwi, ameixeira, pessegueiro, cerejeira, amendoeira, oliveira, citrinos) a fisiologia da planta precisa dos nutrientes para viver e produzir. E esta é a parte que nos interessa.
Números para discussão; uma vinha extrai para uma produção de 10 ton/ha só nos cachos os seguintes valores:
- N – 17; P – 6; K – 36; MgO – 2; kg/ha;
- Ca – 5600; S – 1073; Na – 204; Fe – 55; Mn – 20; Zn – 76; Cu – 185; B – 56; g/ha.
Não são valores muito altos ou são? Vamos à pergunta de 1 milhão: O que é que eu vou aplicar nesta altura na minha cultura de folha caduca?
Se os níveis das análises de solo e folhas estiverem baixos, coloco praticamente todos os nutrientes, porque ela precisa de um pouco de todos para o próximo ano. Esta é a recomendação que eu tenho ainda hoje de muitas pessoas, não há hipótese de falhar.
Temos de ser profissionais. Vamos ao que é importante e isso resume-se a 3 nutrientes – Zn, Mn e B. Simples!
Só um último pormenor de fisiologia vegetal. Para mim a altura ideal para aplicar uma adubação de reserva é quando a folha está a passar do verde para o amarelo. Mais tarde acho que a eficiência diminui e antes, a planta vai consumir após a aplicação.
Fico disponível para responder às vossas questões e discutir sobre Nutrição. Comentem o artigo ou contactem-me via email
Nuno Francisco
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