Vinho de Talha
Chegou o mês de Novembro, e no dia 11 comemora-se o São Martinho, mas é também neste dia que se faz a chamada abertura das talhas ou seja só a partir deste dia poderá o vinho ser retirado das talhas e comercializado como tal.
O Vinho de Talha é um vinho produzido segundo uma tradição milenar deixada como herança pelos romanos e preservada com orgulho pelas gentes do Alentejo. Todo o processo é bastante simples mas quando feito a preceito pela forma original a mão de obra humana e o amor ao vinho torna-se indispensável.
As uvas chegam à adega, depois de terem sido colhidas manualmente na vinha, são desengaçadas numa mesa de ripanço, esmagadas com um rolo e colocadas dentro da talha que não é mais que um grande pote de barro. A fermentação começa a ocorrer espontaneamente. Durante a fermentação as películas das uvas irão subir formando um capa sólida na superfície logo será necessário também alguém subir para cima da talha e com um rodo de madeira “empurrar” as películas para baixo. Este processo é feito pelo menos 2 vezes ao dia durante a fase mais activa da fermentação, passando depois a 1 por dia. Acabada a fermentação, as películas começam a descer depositando-se no fundo a talha. Esta camada de películas irá servir de filtro natural quando se retirar o vinho, cerca de dois meses após ter começado a fermentação, pelo orifício existente na parte inferior da talha, geralmente tapado com uma rolha e onde é colocada uma torneira de madeira.
Trata-se de um processo natural, biológico, sem qualquer adição de produtos para estabilização e conservação, logo deverá ser consumido nos meses que se seguem e por isso em “bom alentejano” se costuma dizer...
“ Enquanto houver deste não se bebe do outro...”
Sara Ramalho