(DRAPLVT) Estado das culturas e previsão das colheitas - Março 2019
DIREÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA E PESCAS DE LISBOA E VALE DO TEJO
DIVISÃO DE AGRICULTURA, ALIMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO RURAL
ESTADO DAS CULTURAS E PREVISÃO DE COLHEITAS
Março 2019
1. Estado do tempo e sua influência na agricultura em geral
O mês de março caracterizou-se por tempo seco e quente para a época. Por toda a Região apenas se registou precipitação sob a forma de aguaceiros relativamente fracos e localizados entre os dias 4 a 7 e no dia 31, sendo que mesmo nas zonas em que se verificou maior precipitação o valor total não terá ultrapassado os 25 a 30 mm ou seja pouco mais de 50% do valor de precipitação normal durante o mês de março. As temperaturas máximas diárias estiveram dentro dos valores normais para a época até ao dia 3, e até ligeiramente abaixo entre os dias 4 e 8, mas a partir do dia 9 subiram bastante atingindo praticamente todos os dias valores acima dos 20ºC, registando-se mesmo uma onda de calor1 entre os dias 22 e 31. Em praticamente todos os dias registaram-se fortes arrefecimentos noturnos, originando noites frias e muito frias e até a formação de geada ligeira entre os dias 13 e 15. O céu apresentou-se na generalidade limpo a pouco nublado o vento soprou em geral fraco. Na agricultura em geral as condições do estado do tempo permitiram a realização de todos os trabalhos de campo normais da época sem constrangimentos e em boas condições, nomeadamente: conclusão das podas na vinha e pomares; aplicação de herbicidas; tratamentos fitossanitários e a preparação do solo para instalação das culturas de primavera/verão. Devido à pouca precipitação caída e elevada evapotranspiração registadas durante o mês, a disponibilidade de água nos solos diminuiu bastante, originando antecipação nos ciclos das culturas instaladas, como é o caso das vinhas e pomares. As culturas anuais de sequeiro no final do mês apresentavam já sintomas de falta água, mais evidentes em solos mais arenosos e em particular na zona da Península de Setúbal em que em algumas áreas de pastagem as espécies forrageiras estão já com coloração acastanhada, característica de fim de ciclo. Em termos de disponibilidade de água para rega e abeberamento dos animais continua a não haver registo de limitações na Região.
2. Fitossanidade: pragas e doenças; intensidade e frequência dos ataques; oportunidade e eficácia dos tratamentos efetuados; prejuízos causados para além do normal.
Em termos fitossanitários não há registo de ataques de pragas e ou doenças com intensidade ou frequência fora do normal. O tempo quente e seco permitiu efetuar os tratamentos habituais e adequados à época sem constrangimentos. Também a aplicação de herbicidas tem decorrido com eficiência e boa eficácia.
3. Prados, pastagens e culturas forrageiras: estado vegetativo das pastagens de sequeiro,
prados de regadio e forragens anuais; condições de alimentação das diferentes espécies
pecuárias, importância do contributo de forragens verdes, fenos, silagens e rações industriais
relativamente a igual período do ano anterior
A precipitação que registou no inicio do mês associada ao aumento da temperatura foi muito benéfica para
os prados e pastagens e outras culturas forrageiras de sequeiro que se desenvolveram bem durante a 1ª
semana do mês, mas o tempo muito quente e a falta de água que se verificou no resto do mês acelerou os
ciclos vegetativos parando o crescimento e induzindo a floração. Assim na generalidade dos casos a
disponibilidade de massa verde para pastoreio é nesta altura relativamente escassa para a época, situação
que é mais acentuada na zona da Península de Setúbal como já anteriormente referimos.
Devido ao referido a alimentação dos efetivos pecuários explorados em regime extensivo está em alguns
casos a ser assegurada recorrendo a áreas forrageiras inicialmente destinadas ao corte e/ou a forragens
conservadas em quantidades muito superiores ao normal nesta época do ano.
Durante o mês realizaram-se cortes para silagem e sobretudo para feno silagem, mas os cortes para feno
ainda não se iniciaram.
4. b) Estado Vegetativo das culturas cerealíferas de sementeira outono-invernal
Na maioria dos casos os cereais outono-invernais germinaram e afilharam bem. Tal como as culturas
forrageiras responderam bem à precipitação no inicio do mês, mas no final do mês já eram notórios sintomas de falta de água pelo que a evolução destas searas irá depender muito da precipitação durante o
mês de Abril.
Há, no entanto, também referência sobretudo na zona da Península de Setúbal a algumas searas semeadas
mais precocemente que apesar de pouco desenvolvidas se apresentam já em fase relativamente adiantada
de espigamento e em que se teme que a falta de água durante o mês de Março tenha já comprometido a
produção.
5. d) Culturas arbóreas e arbustivas: estado vegetativo; floração; produção de pomares de
citrinos quanto aos aspetos de qualidade e quantidade
No geral as culturas arbóreas e arbustivas desenvolveram bem durante o mês e apresentam bom aspeto
vegetativo e adiantado estádio de desenvolvimento relativamente ao normal.
Por toda a região as vinhas apresentam bastante vegetação sendo que algumas castas mais precoces no
final do mês estavam já na fase fenológica G “Cachos separados”.
Os pomares de ameixeiras e pessegueiros mais precoces estão já a meio da floração assim como as pereiras
e as macieiras em início de abrolhamento.
Os pomares de citrinos apresentam boa coloração e desenvolvimento vegetativo normal, encontram-se na
generalidade em estádio de plena floração e na maioria dos casos apresentam floração abundante.
8. b) Produção de azeite: funcionamento dos lagares; qualidade do azeite e funda
Neste ponto mantem-se o referido no relatório anterior:
“Devido ao tempo relativamente seco a colheita e laboração de azeitona correu sem contratempos
assinaláveis tendo terminado ainda durante a 1ª quinzena de janeiro.
Como já se referiu em relatórios anteriores registou-se nesta campanha uma quebra acentuada na
quantidade de azeitona colhida relativamente ao ano anterior e também quebra no rendimento de azeite
(fundas da ordem dos 12 a 13%), mas devido ao bom estado sanitário da azeitona os azeites produzidos
foram na sua grande maioria de muito boa qualidade.”
9. a) Plantação de batata (sequeiro e regadio); andamento da cultura de sequeiro; rendimento
e qualidade dos produtos
A batata de sequeiro que na região apenas tem representatividade na zona do Oeste apresenta razoável
aspeto vegetativo, está já com alguma vegetação e por enquanto sem sintomas de problemas sanitários. Para a batata de regadio as plantações decorreram até final do mês de março. As plantações mais precoces
emergiram bastante bem e apresentam na generalidade povoamentos homogéneos e com bom
desenvolvimento vegetativo.
Face á campanha anterior, estima-se que a área de cultura registe ligeira redução pois tem havido
dificuldades na obtenção de semente de algumas variedades para consumo em fresco.
1
Onda de Calor – período de 6 dias consecutivos em que a temperatura máxima diária é superior em 5 °C ao valor médio diário
do período de referência.