Inovação biotecnológica reduz custos de produção no campo
Os produtos fitofarmacêuticos representam um importante componente nos custos dos produtores rurais no Brasil. Para se ter uma ideia, só nos últimos dez anos, o preço de químicos usados para combater doenças na agricultura aumentou cerca 70%. Na procura de alternativas para driblar esta despesa, o engenheiro agrónomo Diogo Rodrigues Carvalho, fundador da BUG Agentes Biológicos, criou uma tecnologia eficiente, baseada no controle biológico, para minimizar a incidência de pragas na lavoura.
A empresa, que fica em Piracicaba, no interior de São Paulo, Brasil, produz e comercializa vespas habituadas a ingerir parasitas que afetam as principais culturas do país. “Na cana-de-açúcar, o produto consegue reduzir os índices de infestação da praga em até 1%”, afirma Carvalho.
“O Nosso controlo não substitui totalmente a aplicação do inseticida, mas vai diminuindo a sua força com o tempo e permite que o produtor controle o tamanho da população de lagartas”, diz ele. A empresa conseguiu reduzir em 60% o uso de fitofarmacêuticos em duas áreas de teste, em campos de soja na região de Balsas, no interior do Maranhão.
Hoje, a BUG trata cerca de 6.000 hectares por dia. A tecnologia desenvolvida pela empresa é aplicada nas principais culturas do país, como cana-de-açúcar, soja, milho e feijão. Também é utilizada em culturas de tomate, melão, maracujá e abacate. “Por causa da mecanização e da automatização de algumas etapas, conseguimos produzir em larga escala e fazer com que o produto chegue com custo acessível para os nossos clientes”, afirma Carvalho.
A BUG desenvolveu um sistema de controle de qualidade na produção dos insetos. “Avaliamos características como capacidade de voo, eclosão, peso de pupas e percentagem de deformação”, diz Carvalho. Também são introduzidos periodicamente indivíduos selvagens na criação de laboratório, com o objetivo de aumentar a variabilidade genética das populações.
Com uma produção de 91 bilhões de insetos por ano, a BUG foi eleita a mais inovadora do Brasil pela revista americana Fast Company em 2012. “Com o produto, a produtividade no campo tem um grande crescimento e os custos com controle de pragas caem consideravelmente”, diz Carvalho.
Fonte: Revista Globo Rural