«Óculos do futuro» identificam doença grave que ataca os pomares de citrinos
No Brasil, estudos apontam que metade das plantas com greening (ou HLB) seja mantida em campo por erros na inspeção, o que permite a proliferação da doença entre as árvores saudáveis.
Cada vez mais a agricultura apresenta técnicas e aparência de filme de ficção científica. A novidade agora para os produtores de citrinos, é um par de óculos futurista, com lentes revestidas por um filtro especial e que ajuda a detectar os sintomas do huanglongbing (HLB), também conhecido como greening.
O instrumento pioneiro, que já está disponível no mercado brasileiro, permitindo ao usuário visualizar o principal traço da doença, conhecido como mosqueamento das folhas ou amarelecimento, porque intensifica o contraste entre as cores verde e amarela, características da praga.
Os óculos para auxiliar a inspeção visual do greening na citricultura facilitam o trabalho dos inspetores, reduzem a taxa de erros na identificação da doença e trazem proteção visual ao usuário. Embora muitas técnicas estejam a ser desenvolvidas para melhorar a identificação de plantas infetadas, até ao momento não há conhecimento de nenhum dispositivo para aplicação em inspeção visual do greening em campo.
Pelo método tradicional, o greening, pior doença da citricultura dos últimos tempos, pode ser identificado por meio de inspeção visual por profissionais treinados, mas com altas taxas de falhas. Acredita-se que metade das plantas sintomáticas seja mantida em campo por erros na inspeção, o que permite a proliferação da doença entre as árvores saudáveis.
Desenvolvidos pela Embrapa Instrumentação e Universidade Federal de São Carlos (Brasil), os Óculos de Inspeção de Greening na Citricultura serão apresentados na 24ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação.
A tecnologia, já patenteada, está disponível na Fhocus Optical Solutions, empresa licenciada para fabricação e comercialização dos óculos. De acordo com o diretor de Marketing da Fhocus, Clédio Romero Rodriguez, o custo unitário dos óculos está estimado em torno de R$ 200,00 (cerca de 55€).
Como funciona
O trabalho é resultado da tese de mestrado do estudante Luiz Otávio dos Santos Arantes, da UFSCar, com o apoio do professor Nilton Luiz Menegon e da investigadora da Embrapa Instrumentação, Débora Milori.
Débora explica que o filtro de luz especial atenua maioritariamente a cor verde das folhas, levando a percepção de contraste pelo olho humano a ser ainda maior, fator fisiológico que ocorre devido à hipersensibilidade da retina humana à cor verde. Assim, é possível que sejam identificados tons periféricos que não seriam percebidos normalmente. Para o inspetor de campo, esse fator significa que pequenas alterações do verde para o amarelo, em virtude da doença, sejam identificadas mais facilmente. Se a folha está saudável, ou seja, está no tom verde, o filtro mitiga a transmissão dessa cor, visualizando-a com cor mais escura. Já se a folha apresenta alguma alteração na coloração, o dispositivo permite que esta alteração seja transmitida através do filtro de luz, mostrando-a de forma mais clara.
Fonte: Agrolink