Produtores de carne britânicos temem impacto "catastrófico"
Produtores de carne de borrego britânicos ameaçaram hoje com protestos, como o corte de estradas, no caso de um 'Brexit' sem acordo, admitido pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que hoje visita o País de Gales.
Em declarações à BBC Radio 4, Helen Roberts, dirigente da Associação Nacional de Produtores de Ovelhas, disse que uma saída da União Europeia (UE) sem acordo seria "absolutamente catastrófica" para o setor devido à imposição de tarifas de 45% pela UE.
Proprietária de uma quinta no País de Gales, Roberts disse que tal cenário implicaria que "não haveria futuro" no mercado europeu, responsável por 97% das exportações britânicas da carne de ovelha e borrego, e que Boris Johnson "não pode brincar à roleta russa com a indústria da agricultura".
O The Times noticiou em março que milhões de ovelhas e borregos poderão ter de ser abatidos e eliminados devido à falta de mercado.
Porém, o primeiro-ministro prometeu que o governo vai encontrar formas de apoiar o setor, que deixará de fazer parte da Política Agrícola Comum da UE, e assinar novos acordos de comércio com outros países.
"O 'Brexit' apresenta oportunidades enormes para o nosso país e está na hora de olhar para o futuro com orgulho e otimismo", defendeu Boris Johnson, num comunicado emitido hoje.
Esta é a quarta deslocação do primeiro-ministro, em funções desde a semana passada, depois de Birmingham, Manchester e Edimburgo, onde se deslocou para anunciar o recrutamento de mais polícias, o lançamento de uma nova linha ferroviária e a disponibilização de financiamento para a Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.
Johnson tem defendido a negociação de um novo acordo para o 'Brexit', sem a solução para a Irlanda do Norte destinada a evitar uma fronteira física com a vizinha Irlanda, a qual considera "anti-democrática" porque implica o alinhamento com as regras do mercado único por um tendo indeterminado, até à conclusão de um acordo de comércio livre entre o Reino Unido e a UE.
"Embora o primeiro-ministro esteja confiante de que poderá estabelecer um novo acordo com a UE para podermos sair nos melhores termos, também está claro que a UE está atualmente a dizer que se vai recusar a fazer quaisquer alterações ao Acordo de Saída. Como resultado, o governo vai preparar-se para sair da UE sem acordo a 31 de outubro", refere o comunicado do governo britânico.