publicado a: 2017-07-18

Agricultores propõem que Governo compre batata para dar a populações afetadas

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) pediu esta segunda-feira a intervenção do Governo para permitir escoar a batata nacional com "melhores preços à produção" e propõe que compre este alimento para dar às populações afetadas pelos grandes incêndios.

A organização "reclama ao Ministério da Agricultura que intervenha e dê condições de escoamento - a melhores preços à produção - nomeadamente da batata nacional desta época do ano", que é vendida a um preço 10 vezes mais alto aos consumidores na comparação com o valor pago aos agricultures.

Para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), o ministério que tutela o setor, "se tiver vontade política para tal", pode fazer uma "retirada" (uma compra pública) de batata nacional para fornecer "às populações mais afetadas pelos incêndios florestais" e às cantinas públicas, assim como para apoiar a alimentação dos animais.

Na situação que descreve, "são de ruína os preços oferecidos à produção" de batata nacional, "numa base de cinco cêntimos o quilograma e até menos, enquanto que o preço no consumidor se mantém especulativo, acima dos 50 Cêntimos o quilograma, nomeadamente nos hipermercados".

"A batata da época está 10 vezes mais cara no consumidor comparativamente aos preços pagos" aos produtores, alertou a CNA.

Em 11 de julho, depois do descarregamento de toneladas de batata junto a vários hipermercados, em Salvaterra de Magos, Santarém, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) disse que o excesso de produção deste alimento é um problema que resulta "exclusivamente" da conjuntura do mercado.

Um dirigente da associação Porbatata Rodrigo Vinagre disse, na altura que a "aflição" é transversal aos produtores de batata, devido ao excesso de produção e à ausência de exportação, o que tem como efeito estarem os armazéns cheios.

Rodrigo Vinagre afirmou que o facto de este ano a produção nacional ter começado a colocar batata no mercado "mais cedo do que é normal", de estar a produzir mais e em mais área levou a que a oferta fosse maior que a procura, originando preços "muito maus".

Os incêndios de junho iniciados em Pedrógão Grande provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos, consumiram mais de 53 mil hectares, e deram origem a uma várias ações de solidariedade para as pessoas que foram afetadas pelo fogo, perdendo casas e meios de subsistência.

Com as temperaturas elevadas dos últimos dias, voltaram os incêndios de maiores proporções, como o de Mangualde e Alijó, no fim de semana, que obrigaram à retirada de habitantes e ao corte de estradas.

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