Albufeira tenta controlar lagarta do pinheiro com ninhos para atrair chapins
Perante a ameaça de proliferação da lagarta do pinheiro, a Câmara de Albufeira instalou ninhos para chapins, pássaros que se alimentam daquele inseto. Trata-se de uma forma de luta biológica.
A Câmara de Albufeira implementou um sistema para controlar a proliferação da lagarta do pinheiro, cujos pelos podem provocar reações alérgicas, através da instalação de ninhos que atraem chapins, pássaros que se alimentam daquele inseto.
Os ninhos artificiais começaram a ser instalados há um ano e meio, existindo atualmente um total de 66 ninhos espalhados por dez escolas do concelho, jardins e também numa unidade hoteleira, disse à Lusa o vice-presidente da autarquia, José Carlos Rolo. Segundo aquele responsável, este ano, os problemas decorrentes do contacto com a processionária – conhecida como lagarta do pinheiro e que é uma ameaça para a saúde pública -, “foram bastante reduzidos”, embora seja “difícil” comprovar se essa diminuição resultou do projeto, uma vez que houve apenas duas nidificações.
O contacto com os pelos da lagarta do pinheiro podem provocar reações alérgicas na pele, olhos e aparelho respiratório, sendo que a altura em que estes insetos descem das árvores em direção ao solo, no início da primavera, coincide com a época de nidificação dos chapins, em que há mais procura de alimento para as crias.
De acordo com Filipe André, chefe da divisão de Ambiente da Câmara de Albufeira, dados preliminares apontam para que a ocupação dos ninhos ronde este ano os 15 a 20%, mas no ano passado registou-se uma ocupação de aproximadamente 50%. Segundo o engenheiro do Ambiente, o chapim é “tipicamente urbano” e a sua proximidade aos seres humanos não condiciona a nidificação, contudo, o seu “habitat” está cada vez mais em risco, pelo que o projeto visa também preservá-lo.
A sensibilização das crianças é também um dos objetivos do projeto, que envolveu, desde o início, a participação dos alunos, convidados a registar num caderno as movimentações das aves, disse Fernanda Ludovico, responsável técnica pelo projeto.
Os ninhos têm que ser colocados a dois metros de altura e com a entrada virada a norte, com o tamanho certo para a entrada de chapins e não de outras espécies maiores, explicou à Lusa um dos técnicos responsáveis por vistoriar os ninhos. Para espreitar o que se passa no interior dos ninhos, Luís Dâmaso utiliza uma vara com um espelho inclinado, embora esteja a ser equacionada a instalação de câmaras de microfilmagem para monitorizar a situação.
A processionária é um inseto desfolhador dos pinheiros e cedros que pode, em determinados estádios do seu desenvolvimento, provocar danos nas árvores e graves problemas de saúde em humanos e animais domésticos, quando se situam perto de locais habitados ou frequentados pela população.
O projeto Chapim resulta de uma parceria entre os serviços de Ambiente, Higiene Urbana e Espaços Verdes da Câmara de Albufeira e o Parque Natural da Ria Formosa.
Fonte: Observador