Carros, frutas e legumes são campeões de vendas ao estrangeiro
São cada vez mais os produtos que saem e o dinheiro que entra. Em oito anos, as exportações dispararam 60%.
Há nas ilhas Marianas do Norte 50 mil euros em bens made in Portugal. Neste ano, até a Santa Sé contribuiu, com quase três mil euros, para a soma das exportações nacionais. Em oito anos, as vendas de bens de Portugal ao estrangeiro dispararam 60%. Entre janeiro e setembro, as mercadorias portuguesas chegaram a 216 destinos do globo, e foram batidos recordes em setores como o calçado ou a cortiça.
Qual é afinal “o segredo do que vendemos lá fora”? É este o mote da conferência que assinala os sete anos do Dinheiro Vivo, que tem lugar nesta terça-feira no CCB. A resposta será dada por oradores como o CEO da TAP, Antonoaldo Neves, ou o presidente da Renova, Paulo Pereira da Silva. O encerramento estará a cargo do ministro da Economia. O painel contará ainda com representantes daqueles que nos últimos oito anos foram os setores “estrela” das exportações nacionais: automóvel e agricultura. Em ambos, as vendas ao exterior aceleraram mais de 90% desde 2010. E têm margem para continuar a crescer.
“A montagem e o fabrico de automóveis aumentaram muito nos últimos anos e há dados concretos que indicam que o nível de produção vai manter-se daqui para a frente. Isto incluiu os componentes, que têm um peso significativo na balança”, explica Hélder Pedro, secretário-geral da Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP).
Além de ter exportado mais 90%, o setor automóvel consolidou o título de “peso-pesado” das vendas de Portugal ao estrangeiro. Comparando os primeiros nove meses de 2010 com o mesmo período de 2018, o aumento das vendas superou os 2,8 mil milhões de euros. Neste ano, o setor já contribuiu com quase seis mil milhões de euros para o prato da balança que soma as vendas ao exterior. O equivalente a 3% do PIB.
Alemanha, Espanha e Reino Unido são os principais consumidores dos veículos made in Portugal, mas nos últimos oito anos a Ásia “ganhou um peso interessante”, sublinha Hélder Pedro. Autoeuropa, Bosch, Continental Mabor e Faurécia estão no top 10 das exportadoras nacionais.
É muita fruta
Vale menos do que os automóveis, mas nos últimos oito anos não houve setor em Portugal mais fértil do que o agrícola. Desde 2010, as exportações praticamente duplicaram. “O setor tem crescido acima da média. No ano passado subiu 7%”, adianta Eduardo Oliveira e Silva, presidente da Confederação Agrícola de Portugal (CAP).
Grande parte da vitalidade vem dos produtos hortícolas, frutas e vinho, que bateram recordes. Os que despertam mais apetite lá fora são os frutos vermelhos, a pera rocha e a laranja do Algarve. Os frutos secos estão a começar a ganhar destaque, afirma Eduardo Oliveira e Silva. O responsável acredita que no setor ainda há toneladas de sumo por espremer.
“Nos últimos anos a indústria tem feito um esforço para progredir e acompanhar a evolução tecnológica. Há mais projetos, há o impacto do crescimento do Alqueva, mais jovens agricultores a produzir e várias empresas internacionais no sudoeste alentejano. Não sei se é possível manter este ritmo, mas há condições para crescer. Por exemplo, se o interior do país começar a produzir mais e melhor azeite e se forem aplicadas medidas na agricultura de regadio, o valor das exportações pode aumentar.”
Entre os recordes batidos em 2017 no setor estão as exportações de vinho, com Portugal a ocupar o 9.0 lugar do ranking mundial. Também as vendas de café ao estrangeiro atingiram máximos neste ano. Mas não só de agricultura se faz a balança comercial. Neste ano o setor do calçado deverá renovar o recorde do ano passado e a indústria da cortiça deverá atingir, pela primeira vez, a marca dos mil milhões de euros em exportações.