Cientistas europeus criam método «low cost» para testar qualidade da água
A água é um bem cada vez mais escasso. Podemos compensar isto através da reciclagem, mas precisamos de métodos de controlo simples e não muito caros.
Uma equipa de investigação europeia trabalha para encontrar soluções, com experiências na indústria do tomate, no sul de Itália.
Numa estufa que compara diferentes métodos de irrigação, os investigadores tentam produzir uma colheita que, utilizando águas recicladas da indústria, possa ser segura para a alimentação humana.
Alfieri Pollice, especialista nos processos e técnicas de tratamento de águas residuais, explica: “Uma fábrica aqui perto prepara os tomates para armazenamento ou para venda ao público. Este processo utiliza muita água. Normalmente a água utilizada é desperdiçada. Estamos a tentar encontrar métodos para a reutilização desta água na agricultura”.
A água é preciosa neste clima seco e o tratamento das águas usadas pode ser uma excelente forma de evitar a escassez. Mas o controlo da qualidade é complicado. Na maioria dos casos é precisa uma enorme quantidade de garrafas de amostras do líquido, que têm que ser transportadas para laboratórios e analisadas para verificar se a qualidade respeita os parâmetros de segurança.
“O que pretendemos verificar é se a água pode ser reutilizada para regar plantas, e se não ultrapassa os limites dos compostos orgânicos, dos nutrientes, porque há normas específicas que devem ser respeitadas para a água de irrigação”, esclarece a engenheira Química, Helle Skejø.
Os cientistas do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia criaram uma forma de simplificar a inspeção. Em vez de enviarem a água reciclada para um laboratório, passam-na pelo filtro existente numa caixa concebida para os testes. Os componentes químicos retidos no filtro são depois analisados em laboratório.
Segundo o químico Giulio Mariani: “Uma das grandes vantagens é a versatilidade desta caixa: pode ser usada nas estações de tratamento de água, em águas paradas, água do mar e outras…”
Estes filtros são muito mais fáceis de levar para o laboratório que as tradicionais garrafas de vidro com dezenas de litros de água, que é preciso analisar para detetar os componentes químicos.
“A vantagem deste filtro em comparação com as técnicas tradicionais de análise é que a retenção de muitos componentes orgânicos num único filtro simplifica as análises, reduz os custos e o tempo e permite perservar melhor as amostras”.
Este equipamento de recolha de amostras é simples e não muito caro, e os investigadores vão torná-lo disponível para outros especialistas que trabalham nesta área. Este processo inavador está a despertar a atenção de muitos profissionais que trabalham com controlo de águas.
“Os nossos colegas ficam surpreendidos com a relação qualidade/preço. Há muitos equipamentos comerciais com funções semelhantes, mas são muito caros. Por isso quando vêm um instrumento “faça você mesmo” e que custa 100 vezes menos, ficam supreendidos. Especialmente quando constatam que a fiabilidade é a mesma”.