publicado a: 2019-05-16

Delta quer pôr agricultores açorianos a produzir café

O Grupo Nabeiro – Delta Cafés estabeleceu uma parceria com a Associação de Produtores Açorianos de Café (APAC), um compromisso para os próximos 15 anos que tem como objetivo colocar nos lineares o primeiro café 100% português e o primeiro produzido na Europa. A notícia foi avançada pelo Administrador da empresa, Rui Miguel Nabeiro, durante a apresentação da estratégia de sustentabilidade da empresa que prevê ainda o lançamento de uma cápsula de café 100% biodegradável produzida a partir de um composto orgânico de milho, cana de açúcar e mandioca.

Rui Miguel Nabeiro explicou que o projeto de produção de café açoriano passa por capacitar os produtores de café da região para uma produção em massa. Atualmente, a produção de café nos Açores não ultrapassa as 9 toneladas anuais, mas pode vir a ‘alimentar’ a cadeia de abastecimento da Delta.

José Bernardo, Presidente da Associação de Produtores Açorianos de Café (APAC), sublinha que sem esta parceria “não chegaríamos a lado nenhum. Com a Delta Cafés podemos contribuir para melhorar e aumentar a produção de café. A produção de café pode ser uma alternativa à produção de leite [nos Açores] como forma de rendimento para os agricultores”.

Café açoriano é “um grande compromisso para a sustentabilidade” da região
A longo prazo, a Delta Cafés espera fazer crescer a rede de produtores de café açorianos dos atuais “20 ou 30” para cerca de 500. O primeiro-ministro, António Costa, que marcou presença no evento, congratulou a empresa pela iniciativa e lembrou que “os Açores não podem depender apenas da monocultura da vaca”. “Sabemos que os Açores é o único sítio da Europa que tem café (…) É com esta parceria [entre os cafeeiros açorianos e a Delta] que nós vamos passar a poder beber aqui café dos Açores” e “vai ser seguramente um grande compromisso para a sustentabilidade” da região.

Em declarações aos jornalistas, Rui Miguel Nabeiro sublinhou ainda que não sabe quando será possível colocar o café açoriano no linear e afirmou que “há muito trabalho a fazer. Nesta altura, o nosso trabalho será de formação. Tivemos uma equipa do Brasil que veio fazer um trabalho de levantamento das necessidades e, acima de tudo, verificar se era possível ou não. De facto, existem lá alguns pés de café, mas isso não significa que seja possível fazer produção em massa. E é possível! Os resultados são muito positivos.”

Com os pés assentes na terra assume, no entanto, que “a Delta não irá consumir só café dos Açores. Hoje, os Açores produzem 9 toneladas de café por ano, o que é muito pouco. Aquilo que é feito é para consumo local. É torrado e vendido localmente e o trabalho que nós queremos fazer é levar uma equipa para dar formação às pessoas, por exemplo, de microgestão ou coisas como saber trabalhar com Excel, saber como plantar a planta e quando é que deve ser removida e colocar uma nova…Vamos ter uma equipa no local a trabalhar diretamente com os agricultores. Está aqui um trabalho muito grande. Este é um projeto a 15 anos e dizer que este ano vamos ter já café dos Açores seria estar-lhe a mentir porque o que iríamos estar a vender é o café que estes produtores já produzem.”

O administrador do Grupo Nabeiro acrescentou ainda que a empresa assume com estas famílias o compromisso de “apoiar e investir no desenvolvimento da produção” e ainda a garantia de que “vamos comprar o café. Essa é a tranquilidade que queremos dar a estas famílias: o que produzirem está garantido que compramos. Falamos da possibilidade de daqui a 15 anos poder tocar em 500 produtores diferentes. Neste momento estamos a falar de apenas 20 ou 30 produtores. Há um potencial para poder chegar a muitos mais que não produzem ainda café, mas que podem vir a produzir. A ideia é produzir em todas as ilhas.”

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