Prejuízo de 19 milhões só na agricultura. Pedrógão fala em 250
Autarca de Pedrógão Grande atira para "pelo menos 250 milhões de euros" os prejuízos registados só naquele município. Técnicos continuam no terreno a fazer levantamentos.
Com um primeiro levantamento feito na região afetada pelo incêndio de Pedrógão Grande, só os prejuízos na agricultura ascendem a quase 20 milhões de euros, revelou ontem o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, no Parlamento. De fora destes cálculos estão, por exemplo, os prejuízos nas florestas, infraestruturas ou habitações. São 18,7 milhões num levantamento preliminar, que carece agora de confirmação, concretizou ao DN fonte oficial do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.
Já o presidente da Câmara de Pedrógão Grande avançou com outra estimativa só para o "seu" concelho: são "pelo menos 250 milhões de euros" de prejuízos, disse Valdemar Alves à agência Lusa, reforçando a ideia de que a estimativa do Governo só para a agricultura é ainda uma pequena parte de uma pesada fatura - a somar aos 64 mortos e mais de 200 feridos registados.
Durante a interpelação dos Verdes sobre política florestal e desertificação do interior, Capoulas Santos revelou que o Governo já tinha estimativas dos prejuízos, antecipando aquele valor numa resposta ao deputado comunista João Ramos. Depois, falando aos jornalistas nos Passos Perdidos, concretizou estes milhões. Trata-se de prejuízos registados em explorações agrícolas, com culturas plurianuais, como pomares, plantações de vinhas, equipamentos e animais mortos.
Agora é tempo de apurar em detalhe, confirmar este levantamento feito por técnicos no terreno, para poder depois abrir candidaturas para financiamento. Em plenário, o ministro da Agricultura já tinha dito que terá de "existir a capacidade financeira para dar resposta" a estes prejuízos.
O primeiro-ministro, António Costa, já tinha dito - na última quarta-feira, depois de reunir com os autarcas dos sete municípios afetados pelo incêndio - que esperava que, até ao final da semana, fosse apresentado o levantamento de prejuízos para se poder avançar com respostas às populações afetadas. Segundo Costa, será a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Ana Abrunhosa, que "apresentará o relatório" de prejuízos.
De fora do levantamento preliminar avançado ontem pelo ministro da Agricultura está, portanto, tudo o resto. No campo das florestas, também da tutela de Capoulas Santos, é preciso verificar as áreas ardidas, o que estava plantado, como foram afetados os solos. Há muita coisa ainda a ser levantada, explicou a fonte oficial do gabinete do ministro da Agricultura.
Também o ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, apontou, na quinta-feira, que 40 empresas e 500 casas foram afetadas pelo incêndio, em Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera. Segundo o autarca Valdemar Alves, essa foi uma estimativa "a quente", havendo ainda mais casos para avaliar.
Quem também está no terreno são os peritos das seguradoras, mas a resposta é idêntica: dada a extensão das áreas afetadas e os tipos muito diferentes de seguros que podem vir a ser acionados, é ainda prematuro avançar com cálculos totais.
No debate de ontem - o terceiro em três dias em que ao Parlamento discutiu a tragédia que percorreu os concelhos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Pampilhosa da Serra, Góis, Penela e Sertã - o CDS atacou um dos pontos onde Governo e BE já se entenderam para a reforma florestal: o arrendamento compulsivo de terras deixadas ao abandono. Segundo a deputada Patrícia Ferreira, "é o mais grave ataque à propriedade privada desde a Reforma Agrária". Capoulas Santos desdramatizou.
Fonte: Diário de Notícias