Prevenção é, para já, a única arma para combater vespa do castanheiro
A Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte está a pedir aos agricultores transmontanos para adquirirem apenas castanheiros devidamente certificados a fim de prevenir a entrada da vespa do castanheiro na região.
Trás-os-Montes é maior produtora de castanha no país. Possui 30 dos 35 mil hectares de soutos.
Paula Carvalho, subdirectora-geral de Alimentação e Veterinária, apela, por isso, aos produtores da região para que "adquiram plantas devidamente controladas, com as etiquetas de certificação e de passaporte fitossanitário" e, aquando da sua chegada, "solicitem aos serviços regionais de agricultura uma inspecção ao material, antes de procederem à sua plantação".
"Só assim podemos prevenir a entrada de árvores afectadas", alerta.
Grandes quebras de produção
O primeiro foco deste parasita (o "dryocosmus kuriphilus") com origem na China, foi detectado em Junho, na região de Barcelos, mas Paula Carvalho teme que a praga se possa estender a outras regiões, com graves prejuízos para os produtores, e manifesta preocupação em relação a Trás-os-Montes, que é a principal produtora de castanha.
“Estamos extremamente preocupados porque a experiência que tem acontecido em outros países, nomeadamente Itália e França, que são os mais afectados, são quebras de produção que podem atingir os 70%”, frisa.
A subdirectora-geral de Alimentação e Veterinária sublinha ainda que a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte “tem vindo a desenvolver trabalho de vigilância dos soutos”, adiantando que a prioridade vai para os mais recentes. “São os de maior risco porque poderão ter vindo com plantas contaminadas e importa, agora, verificar todas as novas plantações”, diz.
Os serviços do Ministério da Agricultura prometem estar vigilantes e asseguram que, caso seja detectado algum foco, “há medidas que podem ser tomadas dentro dos condicionalismos da biologia desta praga, que é complicada de controlar”.
O ciclo da vespa
A praga da vespa do castanheiro tem um ciclo anual e é na altura da Primavera que são visíveis os sintomas na árvore: formam-se galhas (semelhantes aos bogalhos dos carvalhos) que têm as larvas lá dentro. Inicialmente, as galhas são de cor verde-clara, passando a cor rosada.
Entre meados de Maio e final de Julho saem as vespas. Põem mais ovos, que vão passar o Inverno na árvore, desenvolvendo-se na Primavera seguinte. Desta forma, prejudicam a formação de novos ramos, e, consequentemente, a formação dos frutos. Em plantas jovens a praga pode mesmo conduzir à morte.
A luta biológica parece ser a única arma de destruição, mas em Portugal só deverá começar a ser testada na próxima Primavera. Nessa altura, serão largados os primeiros parasitóides, insectos também oriundos da China, capazes de exterminar esta vespa.
Fonte: Rádio Renascença