publicado a: 2019-01-20

Tramagal | Nuno Falcão Rodrigues, enólogo por paixão para quem o vinho se faz na vinha

Aos 48 anos de idade, Nuno Falcão Rodrigues, um abrantino de família beirã e ribatejana, é responsável pelos premiados vinhos do Casal da Coelheira. Proprietário da Quinta em Tramagal está nomeado para enólogo do ano 2018 na 11ª edição dos Prémios W. A nomeação chegou do reconhecido crítico de vinhos Aníbal José Coutinho que selecionou dez enólogos entre os melhores do País. O mediotejo.net foi conhecer o Casal da Coelheira e um pouco da sua história.

Nas histórias da família de Nuno Falcão Rodrigues por certo não se contam episódios vividos por gerações de enólogos que cuidaram e amaram a vinha e o vinho. É certo que o avó paterno foi produtor de uva na Beira Alta, especificamente no concelho de Pinhel, e os pais herdaram uma exploração agrícola na área de intervenção militar do campo de Santa Margarida, em Constância, com cortiça, gado, incluindo ovelhas, enfim, “com uma produtividade mais tranquila”, conta.

Mas em 1986 o destino apresentou-lhes “uma coincidência”. O interesse do campo militar em estender o seu perímetro levou à venda da propriedade rural, ao mesmo tempo que surgia para compra, em Tramagal, a Quinta do Casal da Coelheira. O pai, José Rodrigues, ao lado da mãe de Nuno, compraram a Quinta e entregaram-se de corpo e alma à produção de vinho, atividade para a qual ninguém naquela família possuía formação. José tinha, contudo, visão.

“Quando os meus pais adquiriram a Quinta já se produzia vinho. A realidade vivida era um pouco diferente, porque há 40 anos os vinhos não eram vistos da mesma forma de hoje”, refere Nuno Falcão Rodrigues que recebeu o mediotejo.net na adega datada do primeiro terço do século XX. Edifício que preserva a arquitetura tradicional ribatejana e ostenta um agradável pátio interior, ladeado por paredes brancas caiadas.

Um homem de trato afável, entusiasta no que toca ao seu projeto, bom conversador, tem aos 48 anos um enorme conhecimento sobre o seu trabalho. Um apaixonado pela profissão que acumula histórias reais de investimento, experimentação e amor à terra. O enólogo da Quinta do Casal da Coelheira cria néctares de uva desde muito novo, teria 20 anos, vários vinhos premiados em concursos nacionais e internacionais, um percurso que mereceu uma nomeação para enólogo do ano 2018, pelo conceituado crítico de vinhos Aníbal Coutinho.

Uma “questão agrícola que vem desde pequenino, muito por causa dos avós maternos”, mas não de vitivinicultura por não ter nem o contacto nem a influência, confessa.

Da formação agrícola ao mundo do vinho

Foi após a compra da Quinta do Casal da Coelheira que iniciou a sua vivência no mundo do vinho e rapidamente se encantou pelas vinhas e pelas uvas. Estudante na área alimentar na variante de produção agrícola decidiu “redirecionar o percurso para os vinhos” e dedicar-se inteiramente à enologia. “Nessa altura tive a oportunidade de fazer um estágio em França, numa das mais conhecidas estações de investigação a nível europeu o que me deu uma maior experiência, uma visão mais alargada e uma vivência mais profunda do que era o vinho. Regressei com mais conhecimentos, embora muito jovem, decidi aprofundar a minha formação e fiz o curso de engenharia agro-industrial em agronomia”, indica.

Da França trouxe descobertas sobre fermentações ou temperaturas, as castas e o uso das barricas de carvalho que utiliza para harmonizar os aromas naturais do seus vinhos. O Casal da Colheira é uma mistura de tradição e modernidade: as tais barricas de carvalho (francês e americano) de um lado e as cubas de inox do outro. E assim cresceu uma paixão familiar a entrar na terceira geração, que cresce nas margens do rio Tejo, junto à vila de Tramagal, e que se estende por uma área com cerca de 300 hectares, distribuídos entre vinhas e diversas culturas arvenses protegidas por uma pequena área de pinhal.

Para acrescentar, a diversidade paisagística da exploração tem permitido a permanência de algumas espécies cinegéticas – a perdiz, o pato bravo, o javali e, muito especialmente, o coelho, espécie abundante que terá dado origem ao nome da propriedade.

A verdade é que desde miúdo, Nuno queria viver e trabalhar no campo. Revela nunca ter passado “por aqueles sonhos de criança, principalmente de rapaz, de ser astronauta, bombeiro ou jogador de futebol. Brincava com a terra, era a minha vivência, passava dois meses na quinta dos meus avós, às escondidas metia-me em cima de um trator, não a guiar mas com um dos funcionários da quinta, e lá dávamos umas voltas, porque os avós achavam que era perigoso. Vivia o mundo rural com muito gosto”, lembra.

Na reta final do curso de engenharia agro-industrial dedicou-se à investigação na área do vinho. “Fui convidado para integrar uma equipa, na qual sou coautor de uma patente mundial de uma descoberta que acabou por ter alguma importância para o sector. Um percurso com pequenos passos, pequenas alegrias, pequenos sucessos que acabaram por determinar o caminho”, destaca.

Ajudou os primeiros resultados do Casal da Coelheira terem sido encorajadores. Nos anos 1992 e 1993 “conquistámos em dois anos consecutivos o prémio de melhor vinho branco a nível nacional. Muito motivador para um jovem que tinha acabado de começar. Se sentíssemos que o consumidor não gostava ou se os vinhos se estragassem por algum motivo talvez nos fizesse desistir. Houve reconhecimento público da nossa qualidade e isso foi fator motivacional para continuar a trabalhar”, garante o enólogo.

Para Nuno Falcão Rodrigues o sucesso passa pelo combinar de situações como o clima ou o solo e… sorte. “Diz-se que a sorte é preciso procurá-la e é fruto do trabalho mas houve aqui alguma sorte. Muito trabalho, gastou-se dinheiro, investiu-se bastante mas houve uma estrelinha a brilhar do nosso lado” reconhece.

Os sinais dos tempos, que ajudaram ao crescimento da marca, ditam hoje o vinho como um produto social – prova disso mesmo foi o aparecimento dos winebars deixando para trás os tempos do convívio na taberna – um produto de cultura, gastronómico, apesar de considerar que “ainda resta um bocadinho dessa imagem”, principalmente quando se olha para as campanhas rodoviárias da Direção Geral de Viação.

“Normalmente as imagens são de um copo de vinho. Raramente aparecem as bebidas responsáveis como a cerveja ou as bebidas brancas. Infelizmente, sendo um país com cultura de vinhos, acabamos por ter dirigentes nesta área que têm este estigma de olhar para o vinho como responsável por um problema, quando sabemos que não é. O consumidor de vinho, de uma forma geral, é culto, tem formação, aprecia o produto gastronómico sem relação alguma com as imagens do passado, como ingrediente das sopas de cavalo cansado”, critica.

Da cultura do garrafão à valorização da qualidade e da autenticidade

A aquisição da Quinta do Casal da Coelheira teve na intenção dos pais de Nuno Falcão Rodrigues o continuar da produção de vinho. O mercado que se vivia na época em Tramagal “era o do garrafão. Toda a produção era vendida a granel em que o consumidor, do café, do restaurante, vinha com a vasilha e enchia”, recorda.

Contudo, José Rodrigues e a mulher “tiveram a capacidade de perceber que, a curto prazo, o caminho era a qualidade. Melhorar o que já estava a ser feito, criar marcas próprias e engarrafar”.

A Quinta foi então alvo de grandes investimentos “na tecnologia da própria adega mas essencialmente na vinha, arrancando vinha antiga que estava plantada segundo a filosofia que mais vale muito e menos bom do que pouco e muito bom. Hoje em dia a nossa filosofia é completamente contrária. Preferimos produzir pouco mas muito bom do que muito sem qualidade”, vinca.

E as vinhas distribuem-se no paralelo 39 Norte, num clima mediterrâneo temperado e de baixa altitude, numa área de 64 hectares. As temperaturas oscilam ao longo de verões secos e invernos rigorosos, oferecendo condições de solo e clima únicas para a produção de uva de elevada qualidade. As maturações são normalmente atingidas a meio de agosto, permitindo o início de uma vindima escalonada, mas ao mesmo tempo precoce, durante um mês e meio, evitando desta forma os períodos das primeiras chuvas outonais.

Além das novas plantas, a idade da vinha está compreendida entre 1 ano e 35 anos de idade, coexistindo desta forma vinhas velhas de elevada qualidade, com plantas mais jovens de grande potencial. Predominantemente em solos arenosos, o encepamento é diversificado, com especial destaque para as castas nacionais de maior potencial qualitativo, mas, sem esquecer as referências internacionais.

“É uma área flutuante porque com alguma regularidade arrancamos, plantamos vinha. Por coincidência este ano acontece as duas coisas. Vai havendo uma renovação das vinhas. Num ano normal temos entre 50 a 55 hectares de vinha”. Contudo, a exploração produz outras culturas como milho, trigo, ervilha e floresta.

Entre as castas portuguesas – Fernão Pires, Arinto, Verdelho, Touriga Nacional, Touriga Franca, Aragonês e Periquita – as castas estrangeiras permanecem na Quinta.

“Houve alguma influência da formação que trazia de França. Por outro lado, percebemos que seria necessária a reconversão da vinha e sentimos alguma dificuldade em perceber, dentro do nosso património vitícola nacional, o que deveríamos escolher”.

Isto porque, explica, “tradicionalmente uma parcela de vinha não era plantada com uma única casta. Na altura da vindima era apanhado tudo junto e não conseguíamos perceber o potencial e características de cada uma das castas, as mais adequadas ao tipo de vinho que queríamos produzir tendo em conta as características de solo e clima no Casal da Coelheira”. Após essa aprendizagem o enólogo começou a dar prioridade às castas portuguesas.

Um dos pontos mais interessantes da sua profissão é a liberdade criativa, para desenhar o perfil do vinho, experimentar, produzir novidades, com os naturais riscos intrínsecos ao negócio. Por isso, o Casal da Coelheira possui um pequeno laboratório “básico para o controle de qualidade diário”, explica. No entanto, uma coisa é certa: sem boas uvas não se faz bom vinho.

Nuno considera que, “por vezes de forma algo injusta”, o enólogo acaba por recolher os louros de um trabalho que começa muito mais cedo particularmente no campo. Falando da sua prática diária avalia de “feliz” a ida regular dos enólogos ao campo. “Para mim 80% da qualidade do vinho não se faz na adega mas na vinha”, frisa o enólogo.

Um trabalho que não começa no inverno a pensar na próxima vindima mas “no momento em que projetamos plantar uma parcela de vinha, criar as condições nutricionais para que a planta se possa desenvolver. São muitos anos até chegarmos a uma garrafa de vinho”.

Um trabalho classificado de árduo, longo, às vezes ingrato. “Esta colheita de 2018 trouxe-nos um sabor um pouco amargo, não em termos qualitativos, mas houve problemas com o clima, calor, perdas muito grandes devido a escaldão. Tivemos perdas significativas na produção”, desabafa. Contudo, as alegrias e os desapontamentos são inerentes à profissão, ajudando a crescer e até a melhorar.

Um percurso de vinhos medalhados

O empenho pela qualidade e pela autenticidade tem sido reconhecido pelo consumidor, com o crescimento constante do mercado, e através das várias distinções obtidas em concursos nacionais e internacionais de grande referência, nomeadamente em Londres – Winternational Wine Challenge, em Paris – Vinalies Internationales, e em Bruxelas – Concours Mondial de Bruxelles.

Em 2010, o Casal da Coelheira conquistou o mais elevado galardão para o vinho rosé, por muitos classificado como “o melhor do mundo”. Nuno Falcão Rodrigues considera a designação “simpática” mas que peca por algum rigor.

“Efetivamente foi considerado o melhor rosé num concurso de dimensão mundial e é motivo de grande orgulho por ser, até hoje, o rosé português que conquistou a maior distinção a nível internacional, mas peca por algum exagero porque há outros concursos de renome”.

Até porque, garante o enólogo, é uma classificação impossível. “É irreal criar o conceito de melhor vinho do mundo. Conseguimos facilmente criar vários critérios para análise qualitativa de um vinho, mas é impossível porque há uma grande subjetividade. Os vinhos são produtos naturais, hoje feitos com ciência, com muito pouco empirismo, com muita experiência de séculos e dominamos o que está por trás do vinho em termos biológicos e químicos, mas não há uma receita para fazer um vinho. Não há dois vinhos iguais e a natureza tem o seu papel”, uma diversidade que Nuno vê como “uma grande riqueza”.

O universo dos vinhos não é simples. Tem várias particularidades e detalhes que podem confundir os apreciadores no momento da escolha. Nos júris dos concursos, que não raras vezes Nuno integra, encontram-se pessoas com atividades profissionais ligadas ao vinho mas em áreas diferentes: enólogos, diretores comerciais, sommeliers, responsáveis de marketing, estudantes de vinhos, entre outros.

“É preciso congregar visões e experiências diferentes para encontrar o vinho que possa ser mais unânime em termos de apreciação”, explica.

Ser enólogo é uma profissão que tem de ser vivida com paixão. “É uma paixão que é um negócio. Um negócio que é uma paixão. Sem ela não nos dedicaríamos da forma como nos dedicamos a este projeto ou olhávamos de uma forma fria para o balanço das contas no final do ano”, considera.

No que toca aos resultado, o discurso de Nuno Falcão Rodrigues é sempre no plural. Destaca a equipa que o acompanha, “pessoas que têm sido o sustento da base do nosso crescimento. É perceber que trabalhamos todos com uma filosofia conjunta, estamos todos em sintonia para um trabalho e para um caminho”.

E, falando do pai, refere o Casal da Coelheira como “uma empresa a dois. Acabei por apanhar um comboio já em andamento e a locomotiva deste comboio foram os meu pais”.

José Rodrigues era um consumidor e um curioso de vinho. “Ainda hoje guarda algumas relíquias dos bons tempos da Adega Cooperativa de Tomar que infelizmente fechou, de grandes vinhas da Adega Cooperativa da Chamusca que também fechou. Ia comprando vinho pelos sítios onde passava, uma pessoa já com uma boa cultura enófila. Em termos técnicos não tinha conhecimentos para prosseguir nesta área” por isso, inicialmente, contrataram um técnico para assumir o projeto até que Nuno estivesse pronto.

Um projeto que atualmente tem presença em mais de 20 países. Por exemplo, na América, o Casal da Coelheira está presente de norte a sul, no Canadá, nos Estados Unidos, Equador, Brasil e brevemente no México. Na Europa tem presença na Holanda, Bélgica, Suíça, Polónia, Rússia, Letónia, Alemanha, Hungria e República Checa. Na Ásia podemos encontrá-lo na China, Taiwan e Macau.

Nuno visita estes mercados uma vez por ano com o objetivo “de acompanhar os parceiros locais”. Uma prática que exige “tempo, dedicação e esforço. Só possível graças à equipa. A empresa não sou eu, os vinhos não sou eu. Há uma grande confiança em toda a equipa e hoje com as novas tecnologias conseguimos estar em todo o lado”.

Entre as muitas alegrias, Nuno salienta o “bonito” ciclo da vinha. “Talvez o período mais tristonho seja esta fase invernosa em que a planta está despida das suas folhas, a paisagem está um pouco escura, falta alguma cor”.

Mas daqui a um mês e meio iniciam as primeiras alegrias. “A planta começa a rebentar, um pouco mais tarde chegam as flores e temos uma primeira perspetiva de como vai correr o ano, perceber toda a evolução da uva, o seu ciclo de maturação e o culminar é o dia da vindima com a uva na adega para fazer o vinho”.

Num ano bom “que pode não ser exatamente aquele em que se produz mais vinho”, ressalva, em média o Casal da Coelheira produz de 350 a 400 mil litros de vinho.

Sem plano traçado para o futuro, apesar do “discurso anti-estratégico” em termos empresariais, Nuno defende o agarrar das oportunidades, num quase “navegar à vista”. Ambicionam melhorar em cada ano, e em termos comerciais “dentro das limitações da produção, ir procurando abrir novos mercados”.

Neste momento a preocupação não passa pelo alargar do número de países mas criar bases sólidas naqueles onde entraram há menos tempo, “consolidar a relação com os nossos parceiros”, nomeadamente nos Estados Unidos e China.

Quanto à aposta no enoturismo o Casal da Coelheira tem “atividade algo incipiente. Algumas visitas na adega e alguns fatores limitantes que se estivessem resolvidos nos poderiam ajudar”.

O enólogo referia-se aos investimentos que incluem o Plano Nacional de Investimentos para 2030, aprovado em conselho de ministros naquele dia 10 de janeiro quando recebeu o mediotejo.net.

“Espero que possa estar lá um envelopezinho para Abrantes para a nossa tão desejada ponte sobre o rio Tejo. Não que as acessibilidades sejam más, estamos a 10 minutos da A23, mas a nova travessia facilitará muito mais o acesso e tornará esta zona muito mais atrativa para os visitantes”. Recorde-se que o Casal da Coelheira integra a Rota dos Vinhos do Tejo.

Apesar dos constrangimentos Nuno não mudaria para outro local. “Sou conservador. Tenho alguma dificuldade em dar um cambalhota na minha vida. Não por inércia será mais por conservadorismo, mas principalmente porque me dedico de alma e coração ao projeto Gostamos e acabamos por criar raízes e essas raízes são difíceis de arrancar”.

Nessa sequência conta um episódio: “Há dez anos um amigo telefonou-me para me dizer que estava com um grupo de chineses interessados em comprar uma quinta. A minha primeira reação foi, não. Embora talvez devesse ter sido outra, se calhar se fosse mais racional teria ouvido, poderia ser uma boa oportunidade de negócio. Fechei a porta a essa possibilidade… se calhar fiz mal, mas sinto-me bem, sou ribatejano, de Abrantes, não sou de Tramagal mas vejo que a população olha para nós como conterrâneos e nós sentimo-nos filhos adotivos da terra. Sentimos o carinho que as pessoas de Tramagal têm pelo projeto Casal da Coelheira. Os tramagalenses são embaixadores da nossa marca, têm orgulho daquilo que a terra faz e isso acaba por amarrar-nos no bom sentido. Somos felizes onde estamos, nem sequer equacionamos a possibilidade de sair”.

A mudar não procuraria a solução mais fácil das zonas demarcadas mais mediáticas como o Douro ou o Alentejo. “Não vejo que seja no Douro e no Alentejo que façam os melhores vinhos do País. São os mais mediáticos, têm grandes vinhos sem dúvida, como tem qualquer outra região, na sua diversidade de estilos”.

Sobre os herdeiros do projeto, os dois filhos Leonor e Diogo. Ela a estudar no primeiro ano de veterinária e ele ainda no secundário. O gosto e o interesse está em ambos, mas Nuno afirma ter cometido um erro enquanto pai. “O que ocorre à comunidade é olhar para os filhos enquanto seguidores do projeto do pai e a minha filha sentiu alguma pressão. A certa altura percebi que não estava a pensar naquilo que um pai deve pensar em primeiro lugar: a felicidade do seu filho. E deve ser ele ou ela a perceber o que vai realizar no futuro, uma coisa que tem de ser eles a encontrar. Leonor vai traçar o seu caminho, talvez volte a tentar medicina, a sua primeira opção. Mas a vida, quem sabe… irá ditar o caminho”.

Nuno Falcão Rodrigues se vencer a 11ª edição dos Prémios W não se estreia na distinção de Enólogo do Ano, um vez que já conquistou essa distinção a nível regional através da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo. Confessa manter alguma expectativa: “Como se costuma dizer, ninguém joga a feijões”, ri. Na verdade em qualquer jogo “há uma réstia de esperança, mesmo quando jogamos com alguém que sabemos ser mais forte que nós”.

O enólogo não esconde “uma pequenina ansiedade” para saber o resultado final, ainda assim revela tranquilidade. “Para mim esta nomeação já é uma vitória, um orgulho muito grande. Obviamente que ser o número um numa lista restrita de dez seria a cereja no topo de bolo, mas entre dezenas, para não dizer centenas, de grandes enólogos que temos no País, haver um critico conceituado que olha para nós e para o nosso trabalho e reconhece o mérito é aquilo que qualquer profissional quer e gosta”. Para Nuno, uma grande alegria.

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