publicado a: 2022-06-13

A presente situação da Laranja do Algarve

Na atualidade o mercado global de citrinos encontra-se a um nível bastante preocupante. A invasão da Ucrânia por parte dos “vizinhos” russos levou a que países como Egipto e a África do Sul; que perderam esses mercados, tenham colocado a sua produção na UE fazendo baixar os preços dos citrinos. A venda dos mesmos foi ainda afetada pela logística e aumento do custo de vida.

Esta campanha começou com algum atraso uma vez que quando se deveria ter iniciado ainda haviam no mercado citrinos vindos por exemplo da África do Sul. Os produtores tinham necessidade de vender a sua fruta e a ansiedade fez com que os preços da mesma baixasse rapidamente.

Algumas pragas nos nossos campos de citrinos também levam ao desespero os produtores, designadamente a mosca do mediterrâneo – Ceratitis capitata. A UE tem retirado aos agricultores um número significativo de substâncias ativas sem que as mesmas tenham qualquer alternativa viável. Os produtores têm ainda que lidar com um drástico aumento dos custos dos fatores de produção e energéticos.

Neste momento os nossos vizinhos espanhóis perdem “força” e entregaram a liderança das exportações de laranja ao Egipto. Neste país segundo dados de 2019 seria possível colocar laranja ao dispor do consumidor com custo inferior a 40 cêntimos/kg. Em 2014/2015 o Egipto colocou na UE 193000 tn de Laranja e cinco campanhas depois 312000 tn que correspondem a um aumento de 62%. Ora se tivermos em conta que o ano passado o preço médio ao consumidor em Portugal, no caso da laranja, foi 69 cêntimos e este ano estamos com 51 cêntimos os tempos que se avizinham não serão fáceis.

O setor precisa de uma reorganização por forma a ter capacidade negocial perante os grandes grupos distribuidores, isso é fundamental. A qualidade está cá não podemos afirmar que é maior ou menor que a dos outros mas é muito boa. No entanto sem organização o setor a médio prazo poderá passar dias bastante difíceis.

Carlos Rodrigues


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