Inspeção do Trabalho quer usar drones para localizar trabalhadores
A Autoridade para as Condições do Trabalho comprou um 'drone' que quer utilizar para localizar em inspeções na agricultura e nas florestas. O objetivo é localizar trabalhadores, nomeadamente os ilegais.
A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) comprou um drone que quer utilizar para detectar trabalhadores na agricultura e nas florestas. O objetivo é localizar as pessoas em áreas de grande dimensão e ajudar a identificar situações de trabalho não declarado, segundo explicou ao Negócios o Inspector-Geral, Pedro Pimenta Braz.
"Comprámos um drone para fazer vídeos técnicos para a nossa actividade", que já serviu para "vídeos técnicos de curta duração" sobre regras de segurança e saúde no trabalho.
"Por outro lado queremos experimentar, e já experimentámos, nalgumas ações inspetivas de grande vastidão de espaços. Em cem hectares, por exemplo, vamos à procura de cento e tal pessoas na apanha da azeitona, para detetar trabalho não declarado na agricultura e nas florestas", acrescentou. "O aparelho permite detetar onde estão as pessoas. Permite-nos optimizar os recursos que temos, poupa-nos tempo".
Questionado sobre se a ACT contactou a Comissão de Proteção de Dados, Pedro Pimenta Braz explicou que o drone (ainda) não está a ser utilizado para nenhuma ação que diga respeito a identificação de pessoas. "Quando experimentarmos e sistematizarmos [a utilização] do drone, esses passos serão dados", respondeu.
A novidade sobre "a eventual utilização de aeronaves telecomandadas na atividade inspetiva" foi dada esta terça-feira pelo Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap) e pelo Sindicato dos Inspetores do Trabalho (SIT) num comunicado conjunto onde por vários motivos pedem a substituição da direção da ACT.
Carla Monteiro, presidente do Sindicato dos Inspetores do Trabalho (SIT), reconhece em declarações ao Negócios que o drone "pode ser útil para ter um panorama" de determinados espaços, mas questiona as opções de gestão, afirmando que há carros parados pelas limitações no uso de combustível. "Os trabalhadores vão trabalhar sem direito a ajudas de custo e depois vão investir em drones?".
Questionado pelo Negócios sobre o custo do drone, Pedro Pimenta Braz afirmou que não é elevado.
Fonte: Jornal de Negócios