Sementes tolerantes à seca são potencial em países árabes, diz especialista
As sementes tolerantes à seca têm um grande potencial nas zonas áridas dos países árabes como uma das fórmulas para melhorar o rendimento dos cereais, indicou esta terça-feira em Roma o especialista Mahmoud Solh.
O director-geral do Soluções Sustentáveis para Agricultura em Zonas Áridas (ICARDA) destacou numa conferência na sede da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) os últimos avanços no melhoramento convencional de cultivos e através de biotecnologias.
Entre as variedades com tolerância à seca e outras formas de stresse, Solh citou uma espécie de trigo sintético e outra resistente à ferrugem do café, doença que afecta diferentes grãos.
Também há variedades tolerantes ao calor que estão a crescer no Sudão e que foram levadas para a Nigéria e outros países da África Subsaariana, afirmou o responsável da ICARDA, centro que conta com uma colecção de cerca de 147 mil amostras de sementes, procedentes sobretudo de terras áridas.
A gestão de água em países onde está escasso este recurso é outro dos pontos importantes para aperfeiçoar as práticas agrícolas e, nesse sentido, Solh louvou os esforços de Marrocos em áreas onde costuma chover, os do Egipto nas zonas irrigadas e os da Jordânia nas de tipo marginal.
Sohl também se referiu aos trabalhos na Tunísia e Síria para aumentar o rendimento do trigo, apesar deste último país estar a sofrer as consequências do conflito desde 2011.
Até ao início da década de 1990, a Síria importava trigo, mas a partir de 2004 começou a ser auto-suficiente devido à melhoria das variedades, a gestão dos cultivos, os sistemas de irrigação e o uso de adubos, segundo Solh.
Um enfoque integrado que, embora não pôde evoluir por culpa da guerra, demonstra que a soma de diferentes práticas pode impulsionar a produtividade dos cereais, inclusive nas zonas áridas, a julgamento do especialista.
Segundo a FAO, o milho, o arroz e o trigo representam 42,5% de todas as calorias humanas e a sua colheita deverá ser aperfeiçoada para evitar a degradação dos ecossistemas que causou o modelo actual, caracterizado por práticas como o monocultura ou a super exploração de aquíferos.
Espera-se que para 2050 a procura anual desses três cereais chegue a 3,3 mil milhões de toneladas, 800 milhões a mais que a colheita recorde de 2014.
Fonte: Diário Digital