Vinhos vulcânicos raros entram em erupção pelo mundo
Cultivar uvas nas encostas chamuscadas de um vulcão que continua a expelir fogo, fumo e lava é o caso mais extremo de viticultura.
A recompensa pelo risco - em alguns casos, as uvas são cultivadas em vulcões que podem entrar em erupção a qualquer momento - é o vinho mais empolgante do mundo.
O ano de 2018 está a tornar-se o dos amantes do vinho proveniente da lava. A primeira Conferência Internacional de Vinho Vulcânico foi realizada em Nova Iorque no final de Março, após eventos de vinhos vulcânicos em duas feiras europeias recentes, a Vinisud, em França, e a ProWein, na Alemanha.
Porque é que esses vinhos estão a provocar tanto alvoroço?
O entusiasmo não se resume a um golpe de publicidade. Os solos vulcânicos representam apenas 1% da superfície do planeta, mas contribuem com uma percentagem muito maior das melhores vinhas do mundo, como as de Santorini. Os vinhos brancos salgados e picantes da ilha grega surgiram na cena do vinho de Nova Iorque há alguns anos e foram muito aclamados.
O solo enriquecido com cinzas também é responsável pelos vinhos tintos e brancos com sabores fumados nascidos na sombra do Etna, na Sicília; estes cativaram os amantes do vinho que são aventureiros e tentam surpreender o seu paladar com algo diferente.
O mestre sommelier Dustin Wilson, co-fundador da Verve Wine, com sede em Nova Iorque, disse recentemente que o seu fascínio actual são as Ilhas Canárias, de Espanha, cujas paisagens vulcânicas parecem apocalípticas. As vendas destes vinhos fora da sua terra natal cresceram mais de 40% em 2017, de acordo com a associação de vinicultores e produtores de vinho da ilha.
A onda do vinho vulcânico ainda está a começar, mas o mestre sommelier de Toronto John Szabo, autor de "Volcanic Wines: Salt, Grit and Power" (Jacqui Small, 19,88 dólares), um livro maravilhosamente fotografado que foi publicado no ano passado, está a tentar dar-lhe mais impulso. John Szabo planeou a conferência de Nova Iorque, para a qual reuniu 40 vinícolas de diversas regiões, como Itália, Hungria, Califórnia e Chile.
"Todos os meus vinhos preferidos vêm de vulcões adormecidos ou ativos", admitiu Szabo numa entrevista por telefone.
Os vinhos provenientes dos diversos tipos de solos vulcânicos - lava, cinzas, basalto entre outros - podem variar muito, mas a maioria tem em comum aromas complexos, alta acidez que provoca salivação e sabores salgados, temperados. A porosidade destes solos armazena mais água, o que contribui para a frescura e a exuberância que caracterizam estes vinhos.
Mas a imagem dos vulcões pode ser a razão secreta pela qual estes vinhos estão a chamar a atenção. Como disse Eric Guido, director de vinhos e marketing da Morrell and Co., num e-mail: "Imagine o ar romântico em torno dos vinhos cultivados em solos que surgiram a partir de terra derretida e cinzas!"