«Resistência a transgénicos vem de quem não sabe o que é fome»
“Sou muito feliz a comer milho transgénico. Para alguém como eu, que cresceu na Índia, estas resistências são vistas como coisa de gente que nunca soube o que é passar fome. Dizem aos países pobres: sigam com fome”. A afirmação é de ninguém menos que o Doutor em Física e Biologia Venkatraman Ramakrishnan, Prémio Nobel de Química de 2009.
“Este tipo de objeções são um luxo, porque vêm de gente que sabe que há muitos alimentos na Europa, e por isso não lhes importa. Mas, em muitos casos os alimentos geneticamente modificados podem fazer toda a diferença: adaptados à seca, ou com mais nutrientes (como o arroz dourado, no qual se introduz vitamina A e podem ajudar a prevenir a cegueira infantil”, sustenta Ramakrishnan em entrevista ao jornal El País.
“Estamos apenas a começar a entender todos os benefícios dos alimentos geneticamente modificados. Obviamente que, como acontece com cada nova tecnologia, temos que nos assegurar de que estabelecemos normas de segurança adequadas. Não concordo que se permita fazer tudo o que seja possível. Devem existir regras gerais adequadas, como para novos medicamentos […] pôr na balança a segurança e os benefícios”, explica o especialista, que recentemente foi nomeado presidente da la Royal Society (a academia científica mais antiga do mundo, fundada em Londres em 1660).
“Os cientistas precisam interagir mais com os cidadãos. O problema é que a comunidade não sabe que durante séculos fazemos modificação genética, mesmo que de maneira aleatória: cruzando diferentes cepas ou com mutagénese. Na realidade, as tecnologias modernas são muito mais específicas e dirigidas. Foca-se num gene e sabe-se exatamente o que se está a fazer, de modo que assim há mais controlo do que a forma tradicional. Acredito que, quando as pessoas não entendem muito bem uma tecnologia, surgem as preocupações”, conclui.
Entrevista completa (em espanhol)
Fonte: Agrolink