publicado a: 2017-07-05

Vermicomposto e agricultura biológica

Numa altura em que se fala da agricultura biológica e de contaminações dos produtos biológicos através de pesticidas, gostaria de falar também utilização de adubo ou enriquecedor de solo neste modo de produção, mais concretamente a adubação com vermicomposto ou húmus de minhoca. Este tipo de composto garante que não há contaminações (acidentais ou não) em produção biológica.

O que é o vermicomposto, ou húmus de minhoca?


As minhocas são as maiores produtoras de húmus, do planeta, ingerindo, digerindo e dejectando matéria orgânica, que transformam no mais rico adubo biológico existente, o Húmus!

O húmus é a máxima expressão da matéria orgânica, devendo em grande parte às suas extraordinárias características, à sua elevadíssima flora bacteriana, calculada em dois mil milhões de bactérias vivas e activas por cada grama.

É rico em todos os macronutrientes (azoto, fósforo, potássio, cálcio magnésio e enxofre) e micronutrientes (manganês, ferro, cloro, cobre, zinco, cobalto, boro e molibdénio) e ainda microorganismos humificantes alcalinos (rhizobium – fixadores de azoto atmosférico).

O húmus pode ser usado junto às plantas pois não queima as raízes e nunca se aplica demais pois o seu efeito é tão imediato como duradouro, beneficiando, corrigindo e enriquecendo o solo, mas também conferindo proteção às plantas devido à sua carga bacteriana.

Estimula o desenvolvimento das raízes das plantas que se tornam mais capazes de absorver água e nutrientes do solo. Aumenta a resistência das plantas a pragas e doenças. Aumenta a capacidade de retenção de água (efeito de esponja), reduzindo a erosão dos solos.

O húmus é um poderoso revitalizador de solos intoxicados pelos produtos químicos, repondo o equilíbrio biológico. Mantém os níveis de temperatura e ph do solo. Activa a vida no solo, favorecendo a reprodução de microrganismos benéficos às plantas.

O húmus equilibra a estrutura do solo, suavizando efeitos de erosão, compactação, impermeabilização e desertificação. Relativamente à camada fértil do solo (manta morta) o húmus apresenta cinco vezes mais azoto, duas vezes mais cálcio, quatro vezes mais magnésio, sete vezes mais fósforo e onze vezes mais potássio.

O húmus de minhoca na agricultura biológica


O húmus de minhoca é completamente inócuo e é homologado para agricultura biológica (reg. CE 834/2007).

Além de ser um adubo extremamente rico, o húmus de minhoca é completamente nulo de infestantes e, por ter uma flora bacteriana elevada e diversidade biológica, a sua atividade impede que apareçam dominantes e por isso inibe algumas pragas das plantas.

Torna o produto final completamente inócuo, problemas fecais como coliformes e outros, desaparecem completamente. As minhocas são um bio-filtro. Por exemplo, não podemos pegar em estrume e plantar nele uma alface, porque corremos o risco de vir contaminada com os referidos coliformes e patogénicos, que estão no estrume e não são eliminados pela compostagem comum. Mas quando esse estrume passa pelas minhocas, fica completamente inócuo.

Eu experimentei no meu viveiro de minhocas, um saco de estrume de cavalo apto para agricultura biológica, em que as minhocas não tocaram. Pelo sintoma que foi, o produto trazia amoníaco. Todos os estrumes utilizados no viveiro de minhocas são selecionados, sendo que inclusivamente, cada novo lote é testado numa pequena escala para saber se é “saudável” ou não para as minhocas. Eu não posso utilizar materiais que não são bons para as minhocas porque posso correr o risco de as matar, de matar o meu motor. Ou seja, as minhocas ou podem morrer, ou não tocar, ou se tiver algum produto químico nocivo ou metal pesados em baixa quantidades, vão filtrá-lo e anulá-lo.

O vermicomposto é um corretivo de solo biológico e, por isso, completamente inócuo e pode ser utilizado pelos agricultores biológicos com a total confiança de que não transporta nenhum produto químico, que depois possa aparecer em amostras de qualquer espécie.

Paulo Diogo | Bio-Recycle

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